Cabelo
Meia-hora depois, já pronto pra sair.
Rafinha, você bem que poderia dar uma aparada nessas pontas de cabelo...
Mãe, por que a senhora tá com essa tesoura na mão?
Você sabe que eu corto cabelo muito bem!
Por isso mesmo que eu sempre durmo com um olho aberto aqui na casa da senhora.
Pára de besteira e me deixa cortar só essas pontinhas que estão caindo.
Mãe, eu já tenho 23 anos e sei quando e com quem eu devo cortar o cabelo.
Se soubesse mesmo já teria cortado há muito tempo e com quem te deu a luz!
Já começou a apelação materna...
Deixa de enrolação e abaixa aqui pra eu cortar só essas três pontinhas...
Mãe, fica tranqüila, eu gosto do meu cabelo assim mesmo, bagunçado e cheio de pontas e quem não gostar (?), ei calma aí, mãããããããããããe!!!
Pronto, nem doeu nada!
Doeu sim, depois de quatro anos cultivando cada fio desse cabelo que me deu tanto trabalho, vem a senhora e arranca um pedaço de mim e da minha personalidade.
O que eu fiz pra merecer um filho tão dramático? Será que eu coloquei um formigueiro nos pés da cruz?
E ainda pergunta onde eu aprendi...
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